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SRI AUROBINDO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aravind Ackroyd Ghose nasceu em 15 de agosto de 1872, em Calcuta-pondichery na Índia. Seu nome Aravind significa “Lotus”. Quando completou 5 anos Aurobindo foi enviado junto com os irmãos maiores para estudar numa escola inglesa para meninos. O pai de Aurobindo havia adotado todos os costumes ingleses, inclusive a vestimenta, pois considerava que todo o povo indiano atrasado e todo o povo inglês admirável.

 

Após estudar dois anos em Darjeeling, os irmãos mudaram-se para a Inglaterra, para completar os estudos em Manchester, onde permaneceram sob a responsabilidade de Mr. Drewetts (um pastor cristão ingles) e sua esposa. Estes receberam instruções precisas de que os meninos não deveriam ter nenhum tipo de contato com pessoas de origem hindu, nem com qualquer conhecimento da cultura da Índia.

 

Podemos ver, então, que Sri Aurobindo cresceu  longe de tudo o que era hindu e com a tentativa intensa de ser convertido em um verdadeiro inglês, totalmente distante de tudo que era hindu: não conheceu profundamente os costumes indianos, tampouco aprofundou-se nos aspectos religiosos do seu país e nem mesmo aprendeu a falar o Bengali, sua lingual materna. Seu pai era ateu.

 

As qualidades de Sri Aurobindo apareciam cada vez mais em seus estudos. Participou e dirigiu debates, ganhou vários prêmios (literatura e história) e se sobressaiu em todos os aspectos. Aos 16 anos começou a compor poesias em inglês, grego e latim.

O pai, médico respeitável e um homem de grande coração, usava dinheiro do seu próprio bolso para solucionar os problemas de quantos necessitassem, sem pensar nas consequências dessa atitude. Logo, então, ficou sem dinheiro para enviar aos seus filhos. Sobretudo, durante dois anos, os problemas econômicos eram tão tamanhos, que sequer tinham dinheiro para comer e para abrigar-se. Mas apesar da terrível situação e privações, Aurobindo nunca se queixava e tratava de viver contente, colocando todo o seu empenho e dedicação nos estudos. Nesse período mais crítico, não tinha sequer dinheiro para uma refeição completa, alimentava-se apenas de um chá e um sanduiche. Porém, conseguiu uma bolsa na Saint Paul’s School e com isso seguiu adiante com seus dois irmãos.

Depois de 7 anos em Londres, passou na Faculdade King, em Cambrige e terminou o curso em dois anos, o que normalmente durava três anos para o restante dos alunos. Mesmo passando em primeiro lugar, não recebeu o diploma de Bacharelado, pois esse só era concedido após a conclusão dos três anos. Mesmo assim, recebeu prêmios pelos seus versos em latim e grego.

 

Porem, seu próprio pai que se empenhou em distanciá-lo da sua terra natal, foi quem despertou nele esse grande amor pela Índia. Mesmo distante, enviava a cartas a Sri Aurobindo e seus irmãos contando-lhes dos maus tratos do Governo para com os seus conterrâneos e chegava até mesmo a enviar recorte de jornais com parágrafos marcados, que se referiam à situação geral na Índia.

Um ardente patriotismo e anseio de libertar o seu país cresceu dia-a-dia no coração de Aurobindo. Enquanto estava em Cambridge, uniu-se a uma sociedade secreta de revolucionários, chamada “Majilis”, formada por estudantes indianos. Participou ativamente nela, foi secretário e inclusive líder. Seus emocionantes discursos atraíram a atenção do Indian Office e o Governo começou a vigiá-lo dali em diante. Também foi membro da sociedade secreta “Loto e Puñal”, também formada por estudantes hindus.

Apesar desse grande desejo de retornar à sua terra natal para se empenhar na libertação de seu povo, devido as suas grandes dificuldades financeiras, não pode de imediato retornar à Índia. Porem, graças a um amigo de seu pai, conseguiu encontro com Sri Sayaji Rao que o reconheceu rapidamente como um homem brilhante e o contratou por apenas 200 rúpias ao mês, que apesar de ser um baixo salário, proporcionava a oportunidade do retorno à índia.

 

Após 14 anos longe de seu país sentia que era hora de voltar. Realizando essa viagem em 1893, num navio à vapor. Seu pai o esperava ansiosamente, depois de tantos anos de dolorosa separação. Mas o encontro não foi possível, pois ao informarem ao pai de Sri Aurobindo o nome do navio que o trazia de retorno, se equivocaram, e infelizmente o nome dado foi justamente o de um navio que havia naufragado na costa de Portugal, levando todos os passageiros à morte. Dr. Ghose não suportou a notícia e morreu repetindo o nome do filho.

Sri Aurobindo chegou à Índia no porto Bombay, em fevereiro de 1893. Quando lhe perguntaram se havia tido alguma experiência espiritual enquanto criança, o mesmo relembrou logo que aconteceu ainda em Darjeeling:

“Um dia estava encostado, quando de repente vi uma grande escuridão que vinha em minha direção e me envolvia junto à todo o universo. E depois disso caiu um grande peso sobre mim, que durou toda a minha estadia na Inglaterra. Acredito que a escuridão tinha a ver com o peso que senti, que me abandou quando estava retornando à Índia” – nesta época ainda não sabia que essa visão se referia a Guerra que estava por vir.

 

Ao desembarcar e pisar em terra firme, uma profunda paz disseminou-se sobre Aurobindo. Essa paz o envolveu totalmente e o acompanhou durante longos meses.

Como se a vida tentasse afastá-lo de sua missão, mas a força universal foi mais forte para traze-lo de volta à Índia.

 

Sri Aurobindo tomou o posto de Professor de Francês na Universidade de Baroda (mais adiante se tornou também Professor de Inglês e Vice-Diretor). Ao chegar à Índia, já havia estudado e reunido informações das condições e atividades políticas, os líderes e suas ideias. Por essa mesma época, Sri Aurobindo se dedicou a escrever versos e começou a primeira versão de Savitri, um grande poema épico. Ademais, dedicava todo o tempo possível à leitura, que incluía desde os clássicos até os pensadores e escritores indianos. Lia rapidamente pacotes inteiros de livros, em todos os idiomas: inglês, francês, alemão, italiano, grego, latim. Possuía um maravilhoso poder de concentração.

 

Apesar dessas experiências, não se decidia a começar a praticar yoga. Dizia que “um yoga que exige que eu desista do mundo, não me serve. Tenho que libertar o meu país”.

 

Porém, não lhe interessava uma salvação individual. Aurobindo criará o Yoga Integral, uma síntese do tradicional com o moderno que buscará a salvação do todo e não de um só indivíduo.
O objetivo inicial de começar a dedicar-se ao yoga era o de conquistar a libertação da Índia. E ele dizia que esse objetivo “foi minha porta de entrada para a vida espiritual”.

“Quando tomei contato com o Yoga… Resolvi praticá-lo… E o fiz com esta oração: Se você (DEUS) existe, sabe o que tem no meu coração… Sabe que não peço libertação, nem nada que os outros pedem. Só peço força para levantar essa nação, só peço permissão para trabalhar por este povo que amo…”.

 

Aurobindo entendeu que era necessário ressurgir a filosofia hindú para que o seu povo acreditasse em si mesmo, longe das experiências modernas e deturpadas criadas pelas religiões.

 

Em carta à Mrinalini Devi, em agosto de 1905, Sri Aurobindo escreve:

“Eu tenho três loucuras, a primeira, é acreditar fortemente que qualquer virtude, talento, conhecimento e riqueza, foi Deus quem me deu. Tudo pertence a ele, e eu fui instruído para gastar apenas o necessário para manter a minha família. O que resta, deve retornar para ele.

 

A segunda loucura, se apossou de mim recentemente: devo ver Deus cara a cara, conseguir sua realização direta. A religião de hoje consiste em repetir o nome de Deus a toda hora e rezar na presença de todos e mostrar às pessoas, o quão religioso se é. E eu não quero isso. Se Deus existe então deve haver uma forma de vivenciar a sua existência, de constatar a sua presença. Não importam as dificuldades do caminho, eu estou decidido à segui-lo… Qualquer um pode chegar à perfeição assim, mas depende a nossa escolha de entrar nele.

 

A terceira loucura: alguns olham para os seus países como um pedaço de terra, uma porção de campos, planícies, florestas, montanhas, rios e nada mais. Eu vejo a Índia como a minha mãe, a adoro e venero. O que faria um filho se visse um demônio sentado sobre o peito da sua mãe, bebendo o seu sangue? Se sentaria tranquilamente para fazer usas refeições e divertir-se, ou correria para salvar sua mãe? Eu sei que tenho a força para levantar essa raça caída. Não é um poder físico… mas sim um poder de conhecimento. A coragem de Kshatriya não é a única força, esta é o poder-fogo de Brahman, a força espiritual do conhecimento. Esse não é um sentimento novo para mim: nasci com ele, é parte de mim. É para realizar essa grande missão que Deus me enviou à Terra…”

 

 

Em 1914, após quatro anos de Yoga em silêncio, começou a escrever uma publicação mensal, a revista Arya. A maioria de suas obras, A Vida Divina, A Síntese do Yoga, Ensaios sobre a Gita, The Isha Upanishad, apareceu em série nas publicações da revista Arya. Estas obras nos contam muito do conhecimento interior que tinha chegado a ele em sua prática de Yoga. Outras obras foram escritas com o tema do espírito e da cultura hindú (Os fundamentos da cultura hindu), o verdadeiro significado dos Vedas (The Secret of the Veda), o progresso da sociedade humana (The Human Cycle), a natureza e evolução da poesia (Future Poesia), a possibilidade de a unificação da raça humana (o ideal da unidade Humana). 
 

Sri Aurobindo viveu sozinho em Pondicherry com quatro ou cinco discípulos. Depois mais e mais discípulos começaram a segui-lo e o número tornou-se tão grande que uma comunidade de sadhakas teve que ser formada para a manutenção e orientação coletiva das pessoas que tinham deixado tudo para trás por causa de uma vida mais elevada . Esta foi a fundação Sri Aurobindo Ashram que cresceu em torno dele e de sua filosofia, mundialmente.

 

Sri Aurobindo começou sua prática de Yoga em 1904. Ele passou a vida em busca de uma experiência mais completa de união afim de entender e harmonizar as duas extremidades de existência, Espírito e Matéria. 

 

Após a subida (iluminação), é somente através da descida ou do ancoramento desta força sobrenatural que a perfeição sonhada por tudo o que é mais alto na humanidade pode vir a ser ancorada. É possível uma maior consciência divina subindo a este poder de luz e felicidade, descobrindo o seu verdadeiro eu, permanecendo em constante união com o Divino e trazendo a Força supramental para a matéria para a transformação da mente e da vida e do corpo. A concretização desta possibilidade tem sido o objetivo dinâmico do Yoga de Sri Aurobindo, ou Purna Yoga. Purna em sânscrito significa integral.

 

Como vimos, somente em 1904 Sri Aurobindo começou a praticar yoga, mas intensamente os pranayamas, e em 1907, foi iniciado pelo Yogi Vishnu Baskar Lele na técnica de meditação.

 

Sri Aurobindo meditou sobre o Gita durante o ano em que esteve preso em Alipur (1908-1909) por envolvimento revolucionário contra o imperialismo britânico na India. Posteriormente (1912-1921) escreveu comentários sobre o Gita tentando mostrar que cada um dos yogas do Gita - Karma (ação impessoal), Jnana (conhecimento do Si) e Bhakti (entrega ao Divino) - precisa ser compreendido e praticado em uma estrutura maior e mais integral.

 

Da prática de pranayamas, obteve frutíferos resultados:

“Na minha primeira experiência descobri que o cérebro se torna Prakasha-maya (cheio de luz). Eu praticava pranayama durante 5 a 6 horas por dia… A mente trabalhava com grande clareza e poder. Nesse momento, eu gostava de escrever poesia… No começo escrevia cerca de 200 linhas por mês. Depois do pranayama, consegui escrever 200 linhas em meia hora… Podia ver uma energia elétrica ao redor de todo o cérebro”.

 

Mesmo na prisão, Aurobindo seguiu com sua prática de Yoga Integral, intensa meditação, pranayamas e leitura. Inclusive havia se acostumado a meditar no meio das conversas, ruídos e brincadeiras. Sentia que havia um motivo especial para estar na prisão. Logo ele que lutava tanto pela liberdade, agora estava preso. Ele escreve:

 

“Fui levado à Alipur e colocado em uma cela solitária, ali esperei dia e noite escutar a voz de Deus dentro de mim para saber o que tinha que aprender e fazer, o que ele tinha para me dizer. Lembrei que mais ou menos um mês antes de ser preso, chegou para mim um chamado que deixasse de lado toda atividade e me voltasse para dentro, para olhar o meu interior… Eu… Não pude aceitar o chamado; meu trabalho era demasiado querido por mim… Ele ouviu outra vez uma voz interna: ‘Não tens força para romper os juramentos que fizeste; Eu os rompi por ti… Tenho outra coisa para que realize, e foi para isso que te trouxe aqui: Para preparar o meu trabalho’.”

No meio de uma grande angústia, Sri Aurobindo esperava a guiança divina:

“Invoquei a Deus com intensidade e ansiedade, e orei para que ele evitasse a perda do meu discernimento. Nesse mesmo momento se estendeu por todo meu Ser uma brisa fresca e suave, e meu cérebro se relaxou… Um deleite supremo que nunca havia conhecido em minha vida… A partir daquele dia, todos os problemas da minha vida na prisão terminaram. A meditação pode unir a força do homem a uma força transcendente”.

 

Após a liberdade, em 30 de maio de 1909, Aurobindo começou a trabalhar esforçadamente, mas agora com uma nova visão da vida. As experiências yoguicas haviam operado profundas mudanças dentro dele. Já não trabalhava para libertar a Índia, agora o mesmo tinha o objetivo de libertar toda a humanidade, seu trabalho se voltou ao resultado da vida espiritual interior.

 

Em fevereiro de 1910 Sri Aurobindo foi avisado de que mais uma vez o Governo Britânico pretendia prendê-lo, quanto então ouviu a voz interior dizer: “Vá para Chandernagore”. Imediatamente obedeceu a ordem e partiu em segredo. Ao final de março a voz interior lhe ordenou que fosse para Pondicherry. Um grande esquema foi montado para que Sri aurobindo chegasse até o seu destino, pois teria que passar por Calcutá, sofrendo o risco de ser preso pelos britânicos.

 

Sri Aurobindo retirou-se das atividades políticas em 1910 e dedicou todas as suas energias à disciplina do conhecimento espiritual. Durante seus primeiros anos em Pondicherry ele afirmou que estava suficientemente avançado em técnicas de meditação para ser capaz de pôr sua mente em contato com fontes mais profundas de conhecimento ou verdade. Ele também meditou sobre os ensinamentos dos Vedas, Upanishads e Bhagavad Gita.

Entre 1914 e 1921, a experiência e insights obtidos durante os quatro anos anteriores resultaram em mais de 4000 páginas de escritos filosóficos e espirituais (A Vida Divina, A Síntese do Yoga, Ensaios sobre o Gita, O Ciclo Humano, O Ideal da Unidade Humana, Segredos do Veda).

 

Em 29 de marco de 1914, houve um acontecimento muito especial: Sri Aurobino e Mirra Richard (A Mãe) se encontraram pela primeira vez, mesmo não se conhecendo pessoalmente através de suas experiências espirituais durante anos.

 

Mirra havia lhe dado um quadro com um Yoga Chakra (um símbolo místico). Havia-lhe dito que quem pudesse interpretá-lo (Aurobindo o fez) seria seu Mestre de Yoga.

Mirra praticava seu próprio yoga na França, mas desde muito tempo tinha um contato íntimo com Aurobindo, mesmo sem conhecê-lo pessoalmente, os 2 sempre se encontravam através de projeções astrais mesmo antes de se conhecerem pessoalmente na Índia. Mirra era também uma revolucionária que junto com vários franceses estavam fazendo germinar o Yoga Integral ainda inconscientemente.

 

Certa vez perguntaram para Mirra (a Mãe) por que havia viajado desde a França para buscar à Aurobindo e ela deu a seguinte explicação:

“Entre os 11 e os 13 anos de idade, tive uma série de experiências psíquicas e espirituais que me levaram não só para a existência de Deus, senão também à possibilidade do homem de encontrá-lo e revelá-lo integralmente em consciência e ação; de manifestá-lo sobre a Terra em uma vida divina. Mais tarde, à medida que se produzia o desenvolvimento interior e exterior, a relação espiritual e psíquica com um desses seres se tornou cada vez mais clara. Eu o chamava Krishna e me dei conta mais tarde que era com ele com quem o trabalho divino seria feito (e com quem deveria encontrar-me, um dia na Terra)… No momento em que vi Aurobindo o reconheci como o Ser ao qual me cabia chamar de Krishna… Isto é suficiente para explicar porque estou plenamente convencida de que o meu lugar e trabalho é ao lado dele na Índia”.

 

Mirra voltou para a França e retornou definitivamente à Índia somente seis anos mais tarde, em 24 de abril de 1920. Durante esse período Sri Aurobindo se dedicou à profunda produção intelectual e poética, escrevendo quase toda a sua obra de maneira veloz e ininterrupta.

 

A partir do regresso da Mãe começaram a chegar espontaneamente mais e mais pessoas para seguir o caminho espiritual (Sri Aurobindo antes não havia aceitado discípulos). Foi a Mãe quem dirigiu a organização da comunidade e sua administração. Foram construídos alojamentos, e buscaram uma forma de responder às necessidades básicas de manutenção e alimentação, e lentamente foram organizando todas as atividades.

 

Com o tempo Sri Aurobindo foi se retirando para um trabalho de reclusão e a Mãe tomou todo o dever de guiar os discípulos. Entre 1920 e 1926 se tornou extremamente intensa a Sadhana e Sri Aurobindo concentrava todas as suas energias para realizar o enorme trabalho espiritual que tinha pela frente. As meditações foram se tornando cada vez mais intensas, profundas e concentradas.

 

“Há uma consciência que a mente não pode alcançar, que a palavra não pode definir, nem o pensamento revelar”.

 

Esses conceitos não são fáceis de se captar pela mente ordinária. Para eles é necessária a ampliação da consciência. Esse dia 24 de novembro (chamado pela Mãe de “O Dia da Vitória”) marcou um grande passo na obra que Sri Aurobindo levava a cabo. Também nesse dia foi oficialmente fundado o “Sri Aurobindo Ashram”.

 

Quando perguntaram a Sri Aurobindo porque ele havia se retirado das atividades externas, explicou que deveria deixar esse trabalho nas mãos da Mãe, para ter tempo de realizar seu verdadeiro trabalho e levar adiante o Yoga Integral: “O objetivo do meu Yoga é transformar a vida trazendo a ela a luz, o poder e o deleite da verdade Divina”.

 

Em 1926, Sri Aurobindo experienciou em seu próprio corpo uma força espiritual que ele chamou Sobremente (Overmind), um nível de poder espiritual, ou consciência, acima da intuição mas abaixo do poder transformativo decisivo que ele associou a seu conceito de Supramente.

 

Sri Aurobindo sabia que por trás do Universo aparente existe uma realidade única e eterna onde todos os seres se encontram reunidos. O problema é que ignoramos essa verdadeira realidade, mas através do yoga podemos romper o véu que nos cega e nos distancia da verdade. Através do Yoga podemos reencontrar a natureza divina em nós e em todas as coisas. Esse mundo aparente é o cenário para a nossa evolução, e nele o homem deve agora desenvolver uma nova consciência espiritual, mais ampla e elevada, esta que o Sri Aurobindo chamava de “Supramente”.

 

Desde novembro de 1938, Sri Aurobindo mudou o rumo e o ritmo de seu trabalho; necessitava uma concentração profunda e permanente. Recluso na solidão de seu quarto, através dessa concentração liberava uma grande batalha espiritual: a luta contra as forças da escuridão e àqueles que se opõem à Verdade. Somente por meio dessa luta se poderia produzir a ascensão da consciência de todos os homens; somente assim chegariam à Luz e à Verdade para transformar a Terra, a Humanidade.

 

A libertação da Índia ocorreu em 15 de agosto de 1947 e lemos abaixo uma mensagem de Sri Aurobindo a esse respeito:

“O 15 de agosto é meu aniversário e é naturalmente gratificante para mim que essa data tenha assumido esse enorme significado”.

 

Sri Aurobindo continuou escrevendo poesia até o final da sua vida. E seus melhores trabalhos neste campo, os sonetos de mais força, o épico Ilion, grandes poemas narrativos, surgem a partir de sua estadia em Pondicherry. E toda a sua obra foi coroada por um poema épico maravilhoso, um grande legado para toda a Humanidade: “Savitri”.

 

Esta lenda, de aproximadamente 23.800 linhas, basta por si só para fazer perdurar na história o nome de Sri Aurobindo. Ele a escreveu e reescreveu, a poliu e perfeccionou através dos anos. Nesta obra estão contidos todo o seu conhecimento e experiência espiritual; sua visão da Verdade, do Universo e da Vida, sua visão sobre o futuro da Humanidade e do desenvolvimento de uma consciência divina manifestada.

 

Repentinamente, em setembro de 1950, assombrou ao seu discípulo quando lhe disse: “Devo terminar Savitri já”.

Então, terminado o épico, nas primeiras horas do dia 05 de dezembro de 1950, por sua própria vontade, Sri Aurobindo se retirou de seu corpo.

 

Somente a Mãe sabia o porque dessa deliberada atitude:

“Nosso Senhor se sacrificou totalmente por nós… Ele não foi forçado a deixar seu corpo; escolheu agir assim por razões tão sublimes que estão além do alcance da compreensão…”.

“Ele sacrificou sua vida física para ajudar mais plenamente ao trabalho de transformação”.

 

“O caminho de Yoga seguido aqui tem um propósito diferente dos outros – pois sua meta não é apenas emergir da ordinária e ignorante consciência-de-mundo para dentro da consciência divina, mas trazer o poder supramental daquela consciência divina para baixo, para a ignorância da mente, vida e corpo, transformá-los, manifestar o Divino aqui e criar uma vida divina na matéria.

 

Aurobindo morreu em 1950, aos 78 anos, no Ashram Sri Aurobindo em Pondicherry, deixando o trabalho espiritual conhecido como "O Yoga de Sri Aurobindo".

 

A Mãe (Mira Alfassa - 1878-1972), sua companheira espiritual, deu continuidade ao seu trabalho, conduzindo o Ashram e idealizando Auroville, uma comunidade mundial para abrigar uma nova consciência em toda a humanidade.

 

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